Iguaçu, em Tupi-Guarani, significa água grande. O Paraná é o segundo maior rio da América do Sul, com quase 3 mil quilômetros de extensão, e vem desenhando a fronteira do Brasil com o Paraguai.
Sobre o Rio Paraná, passa a Ponte da Amizade, inaugurada em 1965, e que liga os dois países. São 552 metros de extensão, 78 metros de altura e uma constante fila de carros. Milhares de pessoas que chegam em busca de sonhos, de vantagens ou simplesmente na luta por mais um dia na vida.
Mas a grande obra nessa fronteira é muito maior que centenas de pontes. Itaipu, a pedra que canta. O local foi escolhido em 1973 e as obras começaram no ano seguinte. Mais de 9 mil moradias foram construídas para engenheiros e operários que fizeram a maior usina hidrelétrica do planeta.
O primeiro passo foi realizar um desvio no rio, removendo 55 milhões de metros cúbicos de terra e rocha num canal de dois quilômetros. Só depois foi construída a barragem de 196 metros de altura.
Em 1978, num único dia, foi despejado um montante de concreto equivalente ao que seria usado na construção de 24 edifícios de 10 andares. A equipe de trabalho atingiu 40 mil pessoas. Em 1982, chegou a primeira turbina pesando 300 toneladas. Em novembro do mesmo ano, a inauguração.
Embora exista a polêmica em torno das mortes de animais, nas áreas inundadas pelo lago, Itaipu foi considerada uma das sete maravilhas do mundo moderno pela revista Popular Mechanics.
Seguindo pelo rio Paraná, chegamos ao local de encontro com as águas do Iguaçu, rio que nasce nas cercanias de Curitiba e, aproximadamente mil quilômetros depois, deságua aqui. A união dos rios forma um grande T, que corresponde a tríplice fronteira entre o Brasil, a Argentina e o Paraguai.
Seguimos agora pelo Rio Iguaçu. São pouco mais de três quilômetros até o local marcante dessa região. A Ponte Internacional da Fraternidade, depois chamada de Ponte Tancredo Neves. São 489 metros de extensão e 72 metros de altura, que ligam as duas principais economias do Mercosul.
Mas a grande atração, que atrai centenas de milhares de turistas todos os anos para esta região, está mais adiante. É impossível não se encantar com as cataratas do Iguaçu. As quedas têm 2.780 metros de extensão e a altura varia de 40 a 80 metros. Um verdadeiro espetáculo da natureza.
O imenso rio, que mede 1.200 metros de largura antes das cataratas, estrita-se em apenas 65 metros depois delas. São 19 saltos principais, sendo 5 do lado brasileiro. A vazão média fica em torno de 1.500 metros cúbicos por segundo, mas pode chegar até 8.500 dependendo da época.
A partir das cataratas está o Parque Nacional do Iguaçu, criado em 1939 e hoje administrado pelo Instituto Chico Mendes. Uma área de proteção para diversas espécies ameaçadas de extinção.
Somando a reserva argentina, encontramos o mais importante contínuo biológico do centro-sul do continente, com 600 mil hectares de áreas protegidas e outros 400 mil de florestas primitivas. E que siga assim, que toda a sociedade ajude a manter santuários como este. A humanidade agradece.
Seguimos viagem, ainda na fronteira do Brasil com a Argentina, mas já no estado do Rio Grande do Sul. De um lado vemos um mar de plantações, de imensas fazendas destinadas ao plantio de grãos.
Do alto também se parece com arte geométrica. De repente, as fazendas terminam e começa uma grande faixa de preservação. O chão muda de cor e a natureza volta a reinar em seu estado original.
Quem voa por aqui também vê, bem de longe, uma curiosa linha formada por nuvens. É o resultado das condensações ocasionadas pelo rio Paraná. O gigante das águas deixa suas marcas até no céu.
Mas o que nos desperta mais interesse nessa região vem agora. Aqui as quedas medem apenas 15 metros de altura. Em compensação, a extensão é absurda. São 1.800 metros seguidos de quedas d'água. Os argentinos chamam o local de Saltos de Moconá. Em Guarani, aquilo que tudo engole.
Visitar essa região é estabelecer um contato direto com a natureza. É ver a beleza tomar forma de mata e água, e nos inundar de boas vibrações. É entender que o maior dos patrimônios é a vida.
