Chegar a Porto Alegre pelo Noroeste é conhecer o Rio Jacuí e as belas casas em suas margens. É cruzar as imensas paisagens da Rodovia Régis Bittencourt sobre o rio. É descobrir um dos novos e espetaculares cartões postais da capital, a Arena Grêmio.
Mesmo sem o aproveitamento do estádio na Copa do Mundo, a obra seguiu firme até a inauguração em dezembro de 2012. A estrutura multiuso tem lugar para 55 mil torcedores, todos em lugares cobertos e confortáveis. A arquitetura elegante e contemporânea é marcada sempre pelo azul.
Seguindo em frente, sobrevoamos o Guaíba e já podemos ver o centro da cidade ao fundo. Antes, um olhar sobre a ponte Getúlio Vargas, que liga a cidade ao sul do estado. O detalhe é que um trecho de 58 metros da ponte pode ser içado a 24 metros de altura para a passagem de navios maiores pelo Guaíba. Embarcações, principalmente de carga, que chegam e partem desse porto.
No contorno das águas vemos uma das paisagens mais marcantes do Rio Grande do Sul, a Usina do Gasômetro. A chaminé altíssima servia para jogar a pesada fumaça que resultava da queima do carvão. Esta era a principal fonte de eletricidade da capital gaúcha desde a inauguração em 1928.
Em 1974 a usina foi desativada e hoje o espaço gera outro tipo de energia que muda tudo, a cultura. Exposições, cinema, teatro, palestras, cursos, salas para ensaios, as artes bombam por aqui.
Seguindo pela Orla, passamos pela Avenida Edvaldo Pereira Paiva, pelo Parque Maurício Sirotsky Sobrinho e chegamos ao Centro Administrativo. Os prédios, em formato desafiador, assim como o anexo, abrigam diversas secretarias e órgãos da gestão do Estado.
Um conjunto arquitetônico complementado pelo imponente Monumento aos Açorianos. A obra em aço leva a assinatura de Carlos Tenius e faz homenagem aos 60 casais de açorianos que chegaram aqui em 1752 para povoar a região. Daí o primeiro nome do local, Porto dos Casais.
Certamente, os pioneiros não poderiam imaginar que iniciariam algo tão grande. Porto Alegre tem 1 milhão e 400 mil habitantes e pode orgulhar-se de ser a capital brasileira com melhores índices de educação, longevidade e a segunda melhor renda per capita do Brasil.
O coração disso tudo bate aqui, na Praça Marechal Deodoro, também conhecida como Praça da Matriz, que reúne a Catedral Metropolitana, o Monumento a Júlio de Castilhos, o Palácio Farroupilha, o Palácio da Justiça e o Teatro São Pedro.
Este é o Farroupilha, mas a maioria ainda prefere chamar pelo antigo nome, Redenção. São 370 mil metros quadrados de lazer, verde, eventos culturais e espaço para manifestações espontâneas. Em 1995, este foi eleito pelos gaúchos como o local mais querido da cidade.
E falando no ex-craque Falcão, vamos dar uma breve passada pelo Beira Rio, que na época do nosso voo estava com as obras neste estágio, em preparação para a Copa do Mundo. Já que mostramos a arena tricolor, não poderíamos deixar os colorados com ciúmes.
Este é o caminho para a Zona Sul e conforme seguimos pela Beira-Rio, a densidade demográfica vai diminuindo e os espaços vão aumentando. Isso facilita as grandes obras realizadas recentemente.
É o caso da Fundação Iberê Camargo, um museu e centro de estudos que tem como foco principal a obra do grande pintor gaúcho. O projeto da sede foi assinado pelo português Álvaro Siza Vieira, e ganhou o Leão de Ouro na Bienal de Veneza em 2002.
Ipanema é o lugar das grandes casas de alguns clubes e de um clima de balneário a apenas 10 minutos do agito da cidade. O maior movimento de ocupação ocorreu há 50 anos, e por ser identificado com a diversão e a felicidade, o nome faz referência ao bairro carioca. A poluição das águas e a mais recente ocupação irregular de algumas áreas são problemas graves.
Deixando Porto Alegre, vamos observando cada vez menos construções e mais áreas verdes, mais águas e mais horizontes. No caminho cruzamos com o farol de Itapuã, construído em 1860. Hoje esses 5.500 hectares em volta fazem parte de uma reserva ecológica. É possível fazer visitas à área, mas não é fácil. Apenas 350 turistas são aceitos por dia e as regras são rígidas.
A seguir, vemos a Ilha das Pedras Brancas, um local estratégico na Revolução Farroupilha, um ponto de encontro para que os rebeldes iniciassem a invasão de Porto Alegre. Décadas depois, aqui funcionou um depósito de pólvora e um presídio, desativado em 1983.
Este não é um lugar de águas transparentes e paradisíacas. Parece que na fronteira, até as águas precisam de uma certa rudeza para seguir em frente. A cor de barro marca o mundo que é a Lagoa dos Patos. São 265 quilômetros de comprimento, com até 60 quilômetros de largura.
Por comunicar-se com o mar e ter água salobra, na verdade o que chamamos de lagoa é uma laguna. Há cenários muito bonitos nessa imensidão. Com os pampas ao fundo, a areia e a vegetação brincam de desenhar, de criar pinturas abstratas para o nosso deleite.
As areias brancas também marcam o Pontal de Tapes, uma forma belíssima entre o geométrico e o louco, entre um ser mágico e o desenho prático de um arquiteto. E o que dizer dessa mistura de ocres onde imensos navios parecem pequenos traços? As correntes e as nuvens também podem ser excelentes pintores.
A lagoa também tem as suas armadilhas, especialmente para os navegadores que não a conhecem bem. Por isso, em 1887, este farol foi erguido aqui. O Cristóvão Pereira, a 30 metros de altura, avisa da rota e dos perigos. Às margens, aproveitando a facilidade para os alagamentos, é comum encontrarmos o cultivo do arroz.
Pelotas tem o seu belo centro histórico a dez minutos daqui, mas uma estrada leva os moradores até a praia do Laranjal, com dois quilômetros de orla e areias claras. As laranjas que deram nome ao local não chegaram a vingar. Antigos fazendeiros tentaram criar aqui um laranjal que nunca deu certo. Mas o nome ficou. E a praia é um dos pontos preferidos no lazer da região.
A Lagoa dos Patos recebe as águas de muitas origens. Uma delas, bem pertinho de Pelotas, é o Rio Camaquã. Esta é a foz dele, um encontro que resulta em dezenas de ilhas. São lindas formações, em uma região surpreendente. Mais maravilhas e descobertas nesse país gigantesco e espetacular.


