Belezas e tradições da Costa do Descobrimento do Brasil



O Brasil teve início na região sul da Bahia, onde os primeiros navegadores portugueses chegaram em abril de 1500. Ao avistarem a costa, ficaram impressionados com a beleza natural do lugar, uma terra exuberante vista do mar e ainda mais espetacular quando observada do alto. Essa região, marcada por uma grande diversidade de paisagens, atrai turistas do mundo inteiro durante todo o ano. Praias, ilhas, rios, manguezais, parques e uma rica herança histórica compõem o cenário da chamada Costa do Descobrimento, ponto de partida para compreender as origens do país.



A viagem pela região começa em Teixeira de Freitas, município localizado na divisa da Bahia com Minas Gerais e Espírito Santo. Há cinco séculos, a área era habitada por diversas etnias indígenas. Atualmente, é um dos principais centros urbanos do sul baiano, com cerca de 60 mil habitantes e economia baseada na agropecuária. Seguindo o curso do rio Peruípe, chega-se a Nova Viçosa, onde a natureza começa a dominar a paisagem com praias de areia branca, manguezais, restingas e recifes de corais. O local, conhecido por suas águas mornas e limpas, foi escolhido pelo artista plástico polonês Franz Krajcberg como residência. Em suas obras, ele utilizou elementos naturais para denunciar crimes ambientais, mostrando profunda conexão com a natureza brasileira.



Mais ao norte, o rio Caravelas e seus manguezais formam um intrincado conjunto de caminhos aquáticos. Essa região, rica em moluscos e crustáceos, é um espetáculo de biodiversidade. No encontro entre rios e o mar, surge Caravelas, cidade que conserva traços da arquitetura colonial e um ambiente de serenidade. Suas festas religiosas atraem devotos durante quase todo o ano, tendo como destaque a Igreja de Santo Antônio, conhecida como “Igreja Verde”, construída antes mesmo do traçado urbano. Próximo dali está Ponta de Areia, antigo destino final da ferrovia Bahia-Minas, imortalizada na canção de Milton Nascimento.



Seguindo o litoral, chega-se a Alcobaça, cidade cercada por rios, mangues e belas praias. O nome é uma homenagem à cidade portuguesa de onde vieram os primeiros colonizadores. A Praia do Farol é uma das mais procuradas, embora o clima local seja marcado pela tranquilidade. Em Alcobaça, a natureza dita o ritmo da vida, e o mar é parte essencial do cotidiano dos moradores. Poucos quilômetros adiante está Prado, município abraçado pelo mar e pelo rio Jucuruçu. A cidade é famosa por suas falésias coloridas, que formam um contraste impressionante com a vegetação e as águas cristalinas. A região é ideal para mergulhos, passeios de barco e contemplação da paisagem.



Entre Prado e Porto Seguro encontra-se o Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal, área de mais de 22 mil hectares, rica em flora e fauna. O local é administrado pela comunidade indígena pataxó, que recebe turistas e mantém vivas tradições preservadas há mais de 500 anos. Segundo registros históricos, o Monte Pascoal foi o primeiro ponto do território brasileiro avistado pelos portugueses em 1500, o que o torna símbolo do início da história nacional.



Mais ao norte está Caraíva, vila de dunas, onde a tranquilidade é prioridade. O acesso é restrito a barcos, e não há circulação de automóveis, o que preserva o ambiente rústico e o modo de vida simples dos moradores. Próxima dali, a Praia do Espelho, em Curuípe, é considerada uma das mais belas do Brasil, conhecida pelos reflexos do sol nas piscinas naturais formadas entre os recifes.



A seguir, encontra-se Trancoso, que nos anos 1970 tornou-se refúgio de artistas e hippies e, com o tempo, transformou-se em um dos destinos turísticos mais sofisticados do Nordeste. Apesar do crescimento de pousadas, resorts e casas de luxo, a região ainda conserva sua beleza natural e o charme de suas falésias e praias. A conciliação entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental é um desafio constante.



Assim como Trancoso, Arraial d’Ajuda passou de um vilarejo tranquilo a um dos principais pontos turísticos do litoral baiano. A região possui 16 quilômetros de praias e é conhecida por sua energia mística, que atrai visitantes desde os tempos dos romeiros e pescadores. Lá se encontra o santuário mais antigo do Brasil, símbolo da religiosidade e da diversidade cultural do local.



A viagem culmina em Porto Seguro, considerada a capital do descobrimento. Localizada no encontro do rio Buranhém com o mar, a cidade tem cerca de 140 mil habitantes e é tombada como Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco. Fundada 34 anos após a chegada dos portugueses, Porto Seguro preserva construções coloniais e mantém regras rígidas para evitar a descaracterização de sua arquitetura histórica. O turismo é a principal atividade econômica, e a cidade recebe cerca de 900 mil visitantes por ano, atraídos pela história, festas e beleza natural.



Ao norte de Porto Seguro, encontra-se Santa Cruz Cabrália, cidade que disputa com Prado e Porto Seguro o título de primeiro local de desembarque dos portugueses. O fato historicamente comprovado é que, em 26 de abril de 1500, foi celebrada ali a primeira missa no Brasil, na praia de Coroa Vermelha. A cerimônia, conduzida por Frei Henrique de Coimbra, marcou o início simbólico da presença portuguesa nas terras brasileiras. Hoje, a região é habitada por comunidades indígenas pataxós, que vivem do turismo e do artesanato.



Cabrália também abriga o Parque Marinho da Coroa Alta, formado por bancos de areia e recifes que criam piscinas naturais no oceano. O acesso à Vila de Santo André, próxima dali, é feito apenas por barco, o que garante a preservação de seu ambiente tranquilo e quase intocado.



Mais de 500 anos após a chegada dos primeiros europeus, o sul da Bahia continua revelando novas surpresas. Suas praias, rios e florestas oferecem não apenas lazer, mas também a oportunidade de redescobrir a história do Brasil e a relação entre o ser humano e a natureza. A Costa do Descobrimento é um território que convida à reflexão e à redescoberta, não apenas das origens do país, mas também de cada visitante que se deixa encantar por sua beleza e espiritualidade.